sábado, 25 de outubro de 2014

.:: Cronica ‘Welcome to Bethlem Asylum’::.

.:: Cronica ‘Welcome to Bethlem Asylum’::.
Trilha sonora: High for This - The Weeknd
http://youtu.be/JDe86ul6RmI
 
 
 
 
‘Partiram juntos.
Ela, com o coração quebrado (como se demônios tivessem sentimentos), sem conseguir permanecer num local onde o ódio era o prato do dia.
Não que não gostasse, mas da forma como os dias se erguiam e terminavam, o seu plano não traria frutos. Afinal de contas, para que os seus dotes manipuladores dessem certo, teria que encontrar uma forma de se aproximar das almas que lhe despertavam interesse.
Mas aquele não era o momento certo.
Então se foi.
Ele, a bater de frente com tantas adversidades, sendo ele o chamado ‘demonio bonzinho’, como ela tanto debochava, não conseguiria bater o pé e firmar-se num local onde tantos de tudo fizeram para o manter longe.
Então juntos se foram.
Passavam-se apenas alguns meses mas, até para uma criatura a caminho do quinto centenário como Bleed, pareciam anos.
E no entanto ela nunca conseguiu firmar residência em algum lugar que não aquele.
Mas ela nunca abriu mão de algo.... ou melhor dizendo, de alguém. Ele.
Para uma Acumuladora de Poder que desconhece valores como fidelidade, companheirismo, até amor, Bleed deixaria muito a desejar se o seu grande Lorde a controlasse de perto.  Tratando-se de um demonio cuja missão seria espalhar a corrupção e viver do pecado e da energia vital das almas, a ‘mulher’ levantaria muitas dúvidas sobre a sua real natureza.
Mas jamais esqueceria a sua função no mundo dos humanos. Não havia abandonado o mundo da luxúria e do bel-prazer ao qual estava destinada. A única diferença é que agora os seus luxos e prazeres eram todos partilhados com ele. E ela sabia até onde poderia chegar.
Conheceram outras terras e outras criaturas, mas tinha sempre a sensação de vazio, como se um chamado a arrastasse para aquele lugar de onde saíra há alguns meses.
Sem contar com tudo o que aquela terra tinha de atrativo. As histórias passadas de boca em boca, o clima da região tão conveniente para criaturas como eles... quase como um submundo na face da terra... era uma lista imensa de regalias.
E a carta... aquela carta. A mesma carta de que todos os viventes falavam, amedrontados, apavorados, uma história envolta de mistério que revelava o começo de tudo, mas sem que as  memórias (ou falta delas) trouxessem respostas às dúvidas de tantos.
Bleed sentia o peso da cobrança interna de recompor o que havia se quebrado.
Parceiros, amantes e companheiros de viagem, em comum acordo, traçam caminhos em direção a Titanium, de onde nunca deveriam ter partido.
Ah!.. Titanium...
Ali vivera alguns dos seus melhores momentos na sua forma de humana. As recordações eram ainda frescas, mesmo para uma pessoa tão desligada como ela.
Mas a cidade passara por tempos tenebrosos, segundo ouvira. Novas ameaças, novas criaturas, novas entidades que tanto amam e defendem os simplórios humanos.. tanta luta e sede por marcação de território fazendo dos habitantes meros peões num grande tabuleiro de xadrez.
Era chegada a sua chance.
Bleed sabia que o momento certo era aquele, quando as almas se encontravam fragilizadas, carentes e sensibilizadas. Encontraria uma forma de fazer o seu plano dar certo.
Titanium era conhecida pelo seu clima coberto de névoas e breu.
Mesmo no ponto mais elevado do sol, raro era o dia que se achava um raio de luz. As nuvens encarregavam-se de escondê-los.
E naquela manhã não foi diferente.
Na garupa da moto (resultado de um dos muitos furtos de ambos), Bleed e Phoenix finalmente chegam às portas da cidade, cercadas pelas matas, lagoas e pântanos, onde a vida era a última coisa que poderia ser encontrada.
Percorrendo a cidade, repara que quase nada mudou..
Com excepção do hospital, agora desaparecido no meio dos escombros.  Corriam rumores que o seu subsolo dava lugar a dezenas de laboratórios experimentais.  A luta de interesses provavelmente originou buscas infinitas a fórmulas e antídotos para o tal ‘vírus’ que tanto falavam, provocando a destruição total daquele que, muitas vezes, fora palco das interpretações de Bleed.
Marcando passo pelas estruturas que tanto sentiu falta e respirando nostalgia, param em frente à ‘residencial’ Bethlem Asylum.
Ironico o nome... como tudo na ‘vida’ de Bleed. Mas o nome era tão perfeito quanto o espaço.
Decoração divina: velas e candelabros gigantescos, cortinas escuras... poltronas revestidas de luxo e humidade... tudo ali era convidativo.
Phoenix trata das acomodações solicitando um quarto e Bleed, saboreando cores e aromas, sobe as escadas passando os dedos quentes pelo corrimão gélido.
Da única certeza que estão no lugar certo, de onde jamais deveriam ter saído, surge a dúvida do que o futuro de ambos lhes reserva.
Mas isso é algo para o próximo relato, agora novamente em Titanium City, onde vive a promessa de que 'os sonhos se tornarão nos piores pesadelos’.

08/10/2014
- Leticia Riddler -
Infernal - Acumuladora de Poder
Titanium City - Utopia Underworld

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